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Ubatuba surgiu
da aldeia tupinambá de Iperoig ( Ypiru-yg = rio das perobas).
Região rica de boa madeira para embarcações
das quais eram habilíssimos canoeiros e
construíam grandes canoas de capacidade
para até 60 pessoas e como nadadores exímios,
chegaram a nadar quilômetros ao
encontro das embarcações que vinham
para negociar em primeira mão o produto
pau-brasil. Ubatuba era o quartel
general da nação Tupinambá. |
A serra de Boiçucanga, em São
Sebastião, foi a divisa do povo
Tupinambás ao norte e do povo
Tupiniquim ao sul. Ambos viviam
em paz até a chegada dos
exploradores europeus (de
Portugal e França) que os
instigaram a lutar pelos
interesses colonialista,
mercantilista e escravagista.
Os índios que pertenciam à tribo
Tupinambá, do grupo Tupi, habitavam todo o litoral
brasileiro e falavam a língua tupi-guarani.
Eles eram mais adiantados que os índios do interior do
Brasil - os Tapuias.
Eles entendiam de navegação, dormiam em redes,
cultivavam alguns |
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produtos agrícolas e
possuíam uma série de outros costumes que denotavam um estágio um
pouco mais avançado de civilização. |
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A ligação entre os índios e os portugueses está
vinculada à necessidade de colonizar o país. Para isso,
era necessário catequizar os silvícolas. Os primeiros
catequizadores foram os jesuítas, trazidos para o Brasil
por Tomé de Souza, primeiro Governador Geral, em 1549.
Os padres Manoel de Nóbrega e José de Anchieta são dois
jesuítas que se destacaram pelo trabalho na catequese de
índios.
José de Anchieta chegou a
escrever a primeira gramática na
língua Tupi, como objetivo de
ensinar aos índios o catecismo
católico. |
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Sobre a personalidade de José de Anchieta existia um livro
na Biblioteca Municipal de Ubatuba. O livro "Anchieta, santo
ou carrasco?", que extraviou-se. |
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A
GUERRA |
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O
clima ficou quente, entre os portugueses e
os índios. Em 1554, os portugueses
mataram mais de 20 mil índios surgindo daí
a Confederação dos Tamoios, em 1555 e em
1563, a Paz de Iperoig, que abriu espaço
para legitimar a matança dos índios que
viviam no litoral brasileiro,
principalmente no centro-sul da colônia.
Com a paz assinada, os franceses perderam
o direito de permanecer. Ficaram os
portugueses escravizando os Tupinambás.
Esse contato direto com os portugueses, além
do genocídio promovido, foi também o início
da disseminação de doenças trazidas
pelos brancos, das quais os índios não
tinham anti-corpos para combatê-las. Hans
Staden diz em seu livro que até
cobertores contaminados foram trazidos
para cá.
Quem
sobrou, não teve outro caminho a não ser
fugir. Os primeiros a colocarem o pé na
estrada foram os índios da costa sul e
leste, onde a colonização foi mais rápida
e mais abrangente. Os Tupinambás fornecem
um dos exemplos mais extraordinários
desse êxodo. Logo após 1500, esse povo
iniciou um espantoso movimento de migração
- o maior de que se tem notícia em tempos
históricos na América -, composto por
dezenas de milhares de índios, à procura
de refúgio na Amazônia. Por volta de
1600 (nesta data já não existia mais
nenhum índio em Ubatuba) os Tupinambás
atingiram o norte do Brasil e foram
importantes no processo de consolidação
da ocupação da terra pelos portugueses.
Inclusive, participaram ativamente na
fundação da cidade de Belém, em 1616.
No Pará, os índios também tiveram
participação na luta entre portugueses e
franceses, ajudando na posse portuguesa.
No final, não sobrou nenhum índio para
contar história por aqui.
Os Tupinambás,
legítimos donatários das terras de
Ubatuba, talvez, possam ser encontrados no
Maranhão, ou no Pará. Talvez algum
historiador se habilite a resgatar essa
importante passagem histórica, para
Ubatuba e para o Brasil. |
Hoje existe
a Aldeia Boa Vista, originária do Paraguai, que ajuda a
resgatar a dívida contraída com as nações indígenas.
Para que os Guaranis pudessem chegar até aqui, foi
preciso muito trabalho de conscientização e a dedicação
de pessoas, como Marechal Rondon e os irmãos Villas Boas, que
levantaram a questão, depois de séculos
de obscurantismo. Apesar de não
terem atuado em Ubatuba, os
sertanistas Cláudio e Orlando
Villas Boas - os irmãos da selva
- desenvolveram uma missão que se
prolongou por mais de 30 anos.
Eles conseguiram pacificar as 18
tribos existentes no Parque do
Xingu, que viviam separadas pela
distância, por culturas
distintas, por dialetos diferentes
e por rivalidades decorrentes de guerras centenárias.
Mas a maior contribuição dos irmãos foi tornar público o
debate sobre os índios, |
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sensibilizando a sociedade brasileira, pavimentando o início de uma solução para o
conflito da posse da terra e ajudando na criação da Funai - A
Fundação Nacional do Índio.
A importâncias
de Ubatuba começou a ser desvendada em 1962, quando na
construção do condomínio da praia do Tenório. Lá foi
descoberto um sítio arqueológico com idade de 2 mil anos. Os
estudos foram desenvolvidos pela professora Dorath Ulhôa
Cintra, chefe do setor de pré-história da USP. Esse registro
arqueológico prova que a existência dos tupinambás vem desde
a época de Cristo. Diversas ossadas foram localizadas neste
sítio arqueológico, provando a presença pré-histórica de
habitantes em Ubatuba. |
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Os
Guaranis |
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A história
dos índios guaranis começa a ser registrada durante os
séculos XVI e XVII. Segundo a história, os guaranis
viveram entre a cruz e a espada.
Projetados no papel de dóceis e
regrados discípulos dos missionários
jesuítas ou da infeliz vítima
dos sanguinários bandeirantes,
eles estabeleceram uma estratégia própria que visavam
não apenas a mera sobrevivência mas, também
a preservação de sua identidade e |
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do modo de vida.
No fim do
século XIX os guaranis iniciaram um processo de migração
rumo ao litoral, até que no final da década de 60 surgiu a
Aldeia Boa Vista, em Ubatuba, com a chegada de três famílias
trazidas para o Prumirim por Octácilio
Dias de Lacerda. Até chegarem ao
Prumirim, a saga dos guaranis pode assim
ser resumida: Do Paraguai eles emigraram
para o Paraná, sendo trazidos para
Paraty. De Paraty eles foram para a
fazenda do Maia, no bairro do Taquaral, já
em Ubatuba. |
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Um
Desentendimento na fazenda tirou-os de lá para a Ponta
do Piúva, no
bairro da Casanga, até que Lacerda
ajudou a escrever a história recente
dos índios Guaranis em Ubatuba,
estabelecendo assim a Aldeia Boa Vista
da Nação guarani. Numa estratégia
montada por Lacerda, a Funai acabou
legitimando a posse de terra para os
índios, resgatando assim a dívida
que Ubatuba tinha com os primeiros habitantes
desta terra.
Hoje, são 119
índios vivendo na aldeia, liderada pelo jovem cacique Marcos
Tupã. A Prefeitura de Ubatuba e a
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Funai têm oferecido apoio
logístico e nota-se uma mudança significativa no modo de
vida dos Guaranis, sem que eles percam a identidade com seus
antepassados. Recentemente eles começaram a ser servidos com
rede elétrica, abastecida através da captação da energia
solar. |
A
Aldeia Boa Vista está localizada no
bairro do Prumirim e conta com uma área
de 801 hectares. |
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